terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Auto - Retrato

Eu sou o Outono, sou o Inverno.
Sou a melancolia, a tristeza e a agonia.
Sou a ilusão, o pesadelo e a destruição.
Sou o pessimismo, a angústia e o irrealismo.

Eu sou a tempestade, sou a infelicidade.
Sou a dependência, o vício e a aparência.
Sou a transformação, a vingança e a desilusão.
Sou a abstracção, a impureza e a imperfeição.

Eu sou a tentação, sou o pecado.
Sou a violência, a vergonha e a decadência.
Sou o imponderável, o frio e o lastimável.
Sou a desigualdade, a culpa e a irresponsabilidade.

Eu sou o mas, sou a dor.
Sou o cravo, a inveja e o escravo.
Sou a traição, a arrogância e a desorganização.
Sou a ignorância, a mentira e a irrelevância.

Eu sou o ódio, sou a raiva.
Sou a imaturidade, o ciúme e a insensibilidade.
Sou a indisponibilidade, a guerra e a mediocridade.
Sou a falsidade, a insignificância e a inimizade.

Eu sou a luxúria, sou a vaidade.
Sou a pressão, o controlo e a frustração.
Sou o horrível, a desgraça e o punível.
Sou a insegurança, a desordem e a repugnância.

Sou a pressão, a monotonia e a mutação.
Sou o desgosto, o desinteresse e o oposto.
Sou a incerteza, o esgotamento e a feieza.
Eu sou a noite, sou eu.

Eunice Vistas
2009.11.30

1 comentário:

Miguel Cruz disse...

Este é o meu texto preferido a seguir àquele "Revolta-te" também teu! Este está espectacular! Até a professora Supico adorou! Muitos parabéns e continua assim! Amo-te!

Miguel Cruz