segunda-feira, 7 de março de 2011

Complexidade

Cheguei à conclusão
Que é tão fácil pensar
Mas tão difícil escrever.
As ideias vêm e ficam.
Não vão embora.
Mas é tão difícil escolher
As palavras mais adequadas
Para descrever esses mesmos
Pensamentos.
Não quero repetir-me,
Chega de metáforas.
Porque não posso dizer tudo às claras?
Só complico o que penso
E muitas vezes sou mal interpretada.
A interpretação é importante.
Quero ser ouvida,
Quero ser lida,
Quero ser conhecida
De forma verdadeira,
Não escondida atrás de metáforas
Que só mostram de mim uma
Realidade falsa.
Sou, sou e sou.
Sou uma cachopa alegre
Com um chupa-chupa de morango numa mão.
Sou uma cachopa triste
Com uma flor morta noutra mão.
Sou uma cachopa atenta
Com os ouvidos fixos nas vozes de terceiros
E com os olhos seguros nos olhos de quintos.
Não quero ser complexidade,
Sobretudo a complexidade das metáforas.
A vida é longa e complexa.
Complexa?
Falsas imagens,
Falsas realidades,
Invenções?
Complexa porque a fazemos assim.
As imagens não são falsas,
As imagens existem
Para terem significado.
Nós não as vemos mal.
Falsas ou não,
Têm o direito de existir.
Melhor,
Devem existir para que outras coisas,
Coisas que às vezes nem damos por elas,
Tenham o devido significado.
Onde ficaria a imaginação no meio
Da não existência da criatividade?
A realidade é produto dessas imagens.
Imagens significativas.
Inventar, inventamos o que nos dá rumo à vida,
O que lhe dá forma e textura
E já é mais do que o suficiente.
A vida é tão simples.
Admiro-a por isso.
A complexidade é imposta por nós,
Não é assim?


Eunice Vistas
2011.03.07