domingo, 25 de julho de 2010

Como pode a minha imunidade proteger-me destas agressões psicológicas?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Não sei exactamente porquê. Aquele estranho caminhava descontraidamente pelo passeio, até que olhou para cima, sem qualquer razão aparente, e me viu. Viu-me junto de um monte de cacos do que havia sido o vidro da minha janela. Parou e olhou-me directamente. Não aguentei e, com um ar de desprezo, afastei-me da janela.
Não sei quanto mais tempo ele ficou ali, parado, a olhar na direcção dos meus aposentos. Não faço ideia do que lhe terá ocorrido na mente quando viu uma figura feminina, de olhar fixo na rua junto de uma janela partida como se nada fosse. Como se nada tivesse acontecido.
Foi o único que eu vi olhar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Casa de Verão

[Praia D. Ana, Lagos. Algarve. 2009]

É cedo de manhã e o sol já está no auge do seu brilho. Dirijo-me à janela e o bafo do vento é quente e oiço nitidamente as gaivotas a cantar. Todas as pessoas começam a chegar à praia, lá em baixo. Umas a pé, outras de carro. Um grupo de jovens, talvez uns quinze, riem alto e trazem um cão.
As paredes da minha casa rústica eram intermédias entre o cor-de-rosa e o vermelho. Eu achava-as de uma cor exorbitante. A cor do verão. Estava levemente decorada, a casa, apenas com uma mesinha aqui, um sofá ali e mais algumas coisinhas acolá. Era apenas o que eu necessitava imprescindivelmente este verão. Era fresca, com cortinas brancas até ao chão, e cheira a praia. A mar. A areia.
A aldeia é pequena e todos se conhecem. É uma aldeia piscatória. Apesar do cheiro um tanto enjoativo a peixe, não consigo não gostar disto. Gosto de acordar cedo e vestir o fato de banho para dar um mergulho no mar secreto enquanto ninguém está presente para testemunhar. Sei que depois, quando volto para casa, os pescadores já estão a regressar de uma noite de trabalho, com as milhentas sardinhas que apanharam do qual o oceano algarvio é rico.
Durante o resto da manhã, ocupo-a junto da janela a ver a rotina daqueles que visitam esta terra. As crianças correrem felizes até ao mar e quando finalmente molham os pés, recuam com gargalhadas ensurdecedoras e inocentes. Os mais graúdos já constroem castelos na areia e devo acrescentar que os mais talentosos desenvolvem uma autêntica cidade, desatando depois a chorar quando algum distraído lhes destrói a ponte de areia enquanto corre a olhar para as moças ou quando algum cão feliz corre com a língua descaída atrás de um disco que o dono o mandou apanhar e, acidentalmente, choca com um castelo.
Os adolescentes banham-se no Atlântico enquanto que outros, os casalinhos de namorados não duradouros, beijam-se apaixonadamente deitados na toalha dela, só porque é a maior. Outros jogam à bola ou às cartas, enquanto que aquele grupo grande, apenas ri. Riem-se de tudo e de nada, da vida e do facto de estarem todos juntos.
Os adultos cuidam das crianças que correm despreocupadamente para a água e ajudam na construção dos castelos de areia dos mais graúdos. As avós e os avôs, protegem-se do sol debaixo dos guarda-sóis e pensam em tudo o que forneceram a este mundo e sem se aperceberem, estão agora reflectidos nos rostos das crianças que correm para eles completamente molhados e que não têm problema algum em atirar-se para cima deles.
Adoro ver cada vida daqui.
Quando acabo de comer algumas, poucas, sardinhas com batata cozida com salada de alface e tomate com orégãos como acompanhamento, subo para o terraço e deito-me na espreguiçadeira a ler um bom livro com um copo de limonada fresca ao meu lado.
A tarde começa a dar origem à noite e o pôr-do-sol é agora lindo no horizonte. Mais uma vez, da minha janela, vejo todas aquelas pessoas a prepararem-se para ir embora. Mas eu fico para um último mergulho, mais uma vez longe dos olhares de todos.
Quando o sol desaparece por fim, os grilos cantam em coro e as pessoas voltam a sair à rua para beber a bica depois do jantar ou para comer o gelado que as mães prometeram aos filhos se estes comessem o peixinho todo que estava no prato.
Desta vez eu também saio. Deambulo discretamente por entre a multidão. Não vou beber o café ou comer o gelado, vou sim para junto dos animadores de rua que dançam, pintam caricaturas e retratos a grafite, fazem palhaçadas para alegria dos mais pequenos, que, basicamente, trazem a felicidade alheia. Vou também contribuir para isso, porque afinal, a vida é um grande sorriso.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Branco, negro, de leite, com avelãs, picante, em pó, quente, a acompanhar morangos, em forma de gelado ou de mousse ou ainda de frutos do mar, a decorar um cappuccino ou misturado no café gelado do frappuccino, em bolos e biscoitos e até mesmo em medicação. De todas as maneiras é consumido, por isso, afirmações como “eu não como chocolate” ou “eu não gosto de chocolate” são completamente falsas quando depois se apercebem que afinal o chocolate era, de facto, um intruso realmente bem-vindo.