sexta-feira, 20 de junho de 2008

Desabafos

Ela estava sozinha
No seu quarto.
A porta estava fechada,
Trancada.
Não só a porta
Mas também o seu coração.
Havia uma cama coberta
De cobertores e colchas.
Havia uma janela que
Era da altura da parede.
Através desta,
Ela via
As nuvens chorar,
Derramando lágrimas de sangue
Nos seus belos jardins.
Ela envergava uma camisa de noite de algodão
Bastante suava e fofa
Que lhe dava algum conforto.
Sentou-se na cadeira junto da secretária
E pensou.
Ela ama os seus pais
Apesar de nem sempre serem compreensivos como gostaria,
E ama o seu irmão
Que é parte dela.
Mas se assim é,
Porquê a tristeza que sente?
Porquê o vazio no seu peito?
Bolas,
Ela não tem motivos para estar triste.
Ela tem de ser feliz.
Ela quer ser feliz.
Mas porquê esse sentimento tão…
… Miserável?
Levantou-se da cadeira
E começou a andar às voltas no seu quarto,
Parando junto da janela.
A lua não se via
Como era de esperar.
Oh como ela pensou
E pensou
Enquanto admirava o exterior do seu palácio,
Mas não encontrava as respostas que queria.
Por isso,
Voltou a sentar-se na cadeira junto da secretária.
Abriu a gaveta
E de lá retirou
Folhas de papel velhas.
Abriu o tinteiro,
Pegou na pena
E levou-a à tinta negra,
Depois pousou a pena na primeira folha
E começou a redigir este texto.
Quando terminou,
Por mais incrível que pareça,
Sentia-se bem.
A tristeza desvaneceu-se
Tal como as nuvens triste lá fora.
E agora sim,
Via-se a lua.

Eunice Vistas
2008.04.17

Sem comentários: